sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Capitulo catorze: Pellegrini.

Preguiça.

A preguiça me dominava, geralmente é assim quando acordamos não?

Estiquei-me sentindo meu corpo estalar enquanto eu despertava. Que dia era hoje? Sábado? Não precisava me levantar cedo...

- Bom dia. – Ouvi o tom doce na voz ecoando atrás de mim.

- Ah, caramba! - Ok, acordei agora – Ben?

- Quem você esperava? – Ele deu um sorriso meio divertido, meio irônico.

Eu fiz um salto desajeitado, mas só consegui me por sentada na frente dele.

- Eu dormi a noite toda aqui? – Perguntei piscando algumas vezes enquanto olhava ao redor. O colchão não estava mais debaixo da clarabóia, até porque agora os raios do sol passavam fortemente por ela. – Ou ali? - Completei fitando a parte mais clara, tanta luz... Eu entendo o porquê ele queria evitar. Então Benjamin mudou o colchão de lugar e eu nem percebi. Caramba, Gabriela!

- Dormiu. – Ele deu de ombros – E seu sono e bem pesado se quer saber, tive medo de te acordar, mas não consegui chegar nem perto disso. A propósito... Eu disse bom dia.

- Bom dia. – Respondi com ironia. – Você é sempre agradável assim de manhã?

- Olhe quem fala.

- Touché. – Fiz uma cara ofendida.

Ele riu e se apoiando nos cotovelos veio até mim, beijou minha testa.

- Você é estranho, sabe disso. – Resmunguei.

- Defina estranho. – Ele me olhou sem vestígios de sono ou outra coisa, parecia que ele já estava acordado há tempos...

Vestígios de sono. Opa.

- Ah, droga. Fique longe. – Resmunguei passando a mão pelo meu cabelo, meu cabelo comprido e ondulado que dá de dez a zero na juba do rei leão quando eu acordo.

Eu não queria nem pensar no meu hálito.

- O que foi? – Ben perguntou.

- Eu estou ridícula. – Resmunguei segurando o cabelo e me afastando.

Ele riu. Que simpatia.

- Como você é dramática. – Ele rolou os olhos. – Não está ridícula.

- Preciso de um banho.

- Quer que eu vá com você? – Ele ergueu uma sobrancelha, com os olhos cheios de malicia.

- Não! – Exclamei tentando me fingir horrorizada enquanto me punha de pé, caminhando para fora.

- Muito dramática. – Eu ouvi sua risada e senti os braços dele envolvendo minha cintura por trás. – Era só uma piada, a não ser que você queira aceitar.

- Tarado. – Resmunguei rindo feito uma boba, Ben tinha esse efeito sobre mim.

- Vejo você no café da manhã? Ou no almoço? Sei lá que horas são. – Perguntei.

- Claro. – Ele respondeu.

E enquanto caminhava de volta ao dormitório só conseguia pensar: Como diabos isso tudo foi acontecer tão rápido?

***

- Eu sabia, eu sabia! – Cherrie cruzou os braços para mim, ao seu lado estava Brige jogada da cama.

- Ótimo Cherrie. Você é um gênio leitor de almas. – Reclamei enquanto amarrava o all star. Estávamos no dormitório bruxo e as gêmeas tinham partido para a casa cedo. Já era quase o horário do almoço.

- Ok, Gabriela tem um namorado. Mas vocês não acham que estamos esquecendo um detalhe importante? – Brige jogou as pernas para o alto e deixou a cabeça pender para baixo na beirada da cama, fazendo os cabelos vermelhos ficarem mesclados com a barra do edredom da cama de Cherrie.

- O que? – Nós duas perguntamos em coro.

- A professora sumida, o ataque de céberos, a conversa. O que é um filho do pecado? Vocês sabem que há alguma coisa de podre no reino da Ametista não?

- Ah é, isso. – Cherrie resmungou.

Lembrei-me do diário, não me pergunte o porque. Só fiz uma nota mental para não me esquecer dele de novo.

- Eu estava pensando sobre isso. – Cherrie puxou a fila para fora do quarto, ainda precisávamos almoçar.

- Teorias? – Indaguei seguindo para a porta, Brige atrás de mim.

- Talvez a professora Novaes seja a tal filha do pecado. – Cherrie começou.

- Se querem proteger a filha do pecado não a mandariam de férias, Cherrie – Resmunguei.

- Você por acaso tem uma ideia melhor?

- Ela pode estar procurando pela filha do pecado. – Pensei em voz alta.

- O cérbero estava na floresta e um filhote não viria sozinho, então há mais andando na superfície. Segundo Cherrie, Marek disse que a filha do pecado não tem culpa de ser o que é, então, talvez ela seja uma espécie de arma-humana. Por isso todos a querem, os professores e alguém com muito mau gosto para animais de estimação.

- Aquele que está controlando os cérberos. – Cherrie completou o testemunho de Brige.

- Então, pergunta um. O que é um filho do pecado. E pergunta dois. Quem está por trás dos cérberos. – Formulei.

- Exatamente. Agora só falta encontrar as respostas. – Brige sorriu. – Primeiro, a mais fácil, deve existir alguma lenda sobre essa tal filha do pecado em algum lugar.

- Vocês não acham que devíamos ficar fora disso? Quer dizer, isso não é da nossa conta. Não tem nada haver com a gente. – Cherrie retrucou.

- Você está falando sério? – Arregalei os olhos.

- É claro que não! – Cherrie riu.

Era nossa escola, e eu tinha sido atacada por aquela coisa. Qualquer um ficaria interessado.

- Eu preciso ir para casa depois do almoço. Mas a biblioteca daqui é bem vasta. – Brige voltou a falar.

- Hora da pesquisa, que empolgante. – Cherrie revirou os olhos.

- Eu já perdi o almoço com a minha mãe, se eu não for, capaz dela vir até a escola. – Seria bem a cara da minha mãe. As cartas dela geralmente vinham com uma conta dos dias que faltavam para o fim de semana.

- Eu vou ficar na escola. Papai e mamãe forma acampar na Irlanda dessa vez. Francamente, não sei aonde elas arrumaram esse espírito aventureiro. – Cherrie revirou os olhos de novo. – Seria algo a fazer no fim de semana, além de segurar vela pra Lucy e Brad.

- Lucy e Brad estão juntos? - Perguntei.

- Lucy e Brad... São Lucy e Brad. Você os conhece, depende do dia e do humor. É ódio e desejo. – Ela riu.

- Bom, procurem o que puderem. Reunimos qualquer coisa na segunda. – Conclui.

- Hey, temos um plano. – Brige riu – Estou me sentindo uma das panteras.

- Eu quero ser a Alex! – Os olhos de Cherrie até brilhavam.

- Deus. Estou cercada de loucas.

Elas me mostraram a língua, feito duas crianças birrentas. Impossível se manter séria ao lado delas.

Chegamos ao refeitório.

- Acho que isso também é algo em que devemos ser discretas. Especialmente a conversa. – Cherrie baixou o tom voz.

- Vocês não acham que estamos deixando a nossa melhor pista passar em branco? – Comecei, agora parecia tão obvio.

- Qual? - Brige perguntou.

- Cherrie. – Dei de ombros. – Você se lembra da visão? Quem era ao espírito? O que ele queria dizer?

- Ah, não exatamente... Eu não fiz muitos progressos na mediunidade.

- Pensei que Miguel fosse te ajudar? – Brige arregalou os olhos – Você tem visto ele quase todo dia.

- Meio que nós nos distraímos do foco principal. - Ela admitiu envergonhada. Nós já estávamos nos sentando em uma das mesas redondas agora.

- Há-Há! Cherrie apaixonada. – Doce vingança.

- Não tem graça.

E eu perderia mais tempo rindo de Cherrie junto com Brige, mas meu motivo de me manter boba chegou. Sorrindo, e agora completamente vestido – Não que isso fosse uma coisa boa – com uma camiseta branca e os cabelos escuros úmidos de um banho recém tomado. Benjamin vinha na minha direção.

Era tão incrível esse efeito que ele tinha sobre mim, tudo ao redor parecia sumir, ele era tudo que conseguia ver.

Já disse que sou patética, não?

Ah eu sou, realmente. Patética, todos os apaixonados são assim.

Mas desviando um pouco minha atenção, reparei num garoto alto e com cabelo cor de areia ao lado dele. Ele tinha amigos afinal. Embora esse tenha se despedido assim que Ben parou perto de nós, se limitando apenas a um breve sorriso na nossa direção.

- Seu amigo? – Perguntei.

- Meu colega de quarto, Guilherme. – Ele deu de ombros. – Oi.

- Uhh, ele é gato. – Brige se inclinou para frente. – Mas não conte a ele. Meu nome é Brige. E eu sei o seu, Gabriela fala muito – Ela sussurrou a última parte, tampando aboca.

- Eu ouvi Brige.

- Tudo bem. – Benjamin riu.

E olha só, Cherrie e Brige até se comportaram muito bem durante todo almoço. Pareciam até pessoas civilizadas.

Nunca me senti tão bem em meio a tantas pessoas.

Depois do almoço fui para a casa de minha mãe, ainda que os outros se tornassem pessoas de quem eu gostasse, ainda eram os outros. E eu não trocaria um dia na praia com minha mãe por nada nesse mundo. E foi assim que passamos, sábado e o domingo na praia. Tenho que admitir que fiquei bem feliz, já estava quase perdendo meu bronzeado trancada na escola. Lá não havia tanto sol quanto aqui. E tomar sorvete enquanto tostava na toalha olhando o mar – com protetor solar, claro, a intenção é pegar um bronze e não um câncer de pele. – me lembra minha infância. E tenho de dizer. Adoro nostalgia.

Mas isso só dura até a noite de domingo.

No caso, pulemos direto para a noite de segunda.

- É impossível você não ter achado nada. – Brige pisava forte enquanto entravamos na biblioteca da escola. - Impossível. Bibliotecas sempre têm as respostas, sempre.

A julgar pela da escola, toda feita em madeira e com prateleiras que chegavam até o teto por todos os lados a sala enorme, ela deveria ter tudo mesmo.

- Brige, li sobre toda criatura que você possa imaginar. Não achei nada que possa ser relacionado com filha do pecado. – Cherrie bufou.

- Você perguntou para a Srta. Martin? - Brige sussurrou se referindo metamorfa bibliotecária quase escondida atrás de uma montanha de livros na sua mesa que centrava a sala.

- Perguntei. Li tudo que ela indicou.

- E o que ela indicou? - Perguntei enquanto nos enfiávamos em um dos corredores.

- Vários guias sobre criaturas sobrenaturais. Lobisomens, bruxas, metamorfos, sereias, fadas, centauros, hipogrifos, unicórnios, cavalos-alados e não sei mais o que.

- Onde estavam esses livros? – Brige perguntou.

- Por ali... – Cherrie andou até o fim do corredor e apontou na direção de outras prateleiras.

- Ótimo, então vamos por aqui. – Brige nos puxou. – Nós somos as panteras lembram, não podemos desistir.

- Brige, nós não somos as panteras. – Reclamei.

- Não estrague o clima. – Ela mostrou a língua pelos ombros.

Demorou uns segundos até que ela escolhesse o corredor. Acho que um dos mais afastados, se quer saber.

- Vamos começar por esse. – Brige saiu passando os olhos em todos os títulos. Ela retirava um livro folheava e se ela se interessava jogava nos braços de Cherrie.

- Será que ela pensa mesmo que é uma pantera? - Murmurei pra Cherrie.

- Há uma possibilidade. – Cherrie sussurrou de volta.

- Porque vocês estão paradas ai? Vai parecer suspeito. Procurem alguma coisa que nos seja útil.

Não a vi necessidade de procurar algo, em poucos minutos os braços de Cherrie já estavam cheios de livros e Brige partiu para uma nova pilha nos meus.

- Ali. – Brige se erguia nas pontas dos pés, apontado para uma capa amarronzada na última fileira – Eu quero aquele.

- Não é melhor pegar a escada? Você não vai alcançar. – Sugeri.

Brige pegou a pequena pilha decinco livros que eu trazia nas mãos e colocou em cima dos de Cherrie, que já começava a se desequilibrar por trás dos... Doze?

- Pra que escada quando eu tenho você. Faz uma cadeirinha pra mim. – Ela sorriu me puxando para perto.

- Uma o que? – Perguntei. Ela juntou minhas mãos e fez meus dedos se entrelaçarem deixando as palmas pra cima.

Ai ela colocou o pé em cima. E depois se empoleirou na prateleira.

- Você vai cair. – Resmunguei afagando minhas mãos. Poxa, Brige é mais pesada do que parece.

- Eu estou quase. – Ela continuava se esticando até tocar tal livro com a ponta dos dedos. – Há! Consegui. Eu sabia que... AH!

- Brige! – Exclamamos eu e Cherrie enquanto ela caia.

Mas não foi direto ao chão como pensávamos.

- Ual. Eu voei. – Ela murmurou maravilhada. Essa garota não pode ser normal.

Mas ela não voou. Ela caiu e só não foi direto pro chão porque alguém a havia segurado, alguém que tinha os reflexos bem melhores que os nossos e amparou a queda a segurando pelos ombros e a colocando no chão.

- Ben. – Sorri. – Porque você está aqui?

- Queria ver você. – Ele deu de ombros.

- É, valeu Batman. Aproveita e segura isso aqui. – Brige jogou livro para ele. - Eu vou me render a idéia da escada. Nem pensem em sair daqui. –Ela sibilou antes de só vermos o borrão vermelho de seu cabelo enquanto ela saia correndo.

- Ela está bem? – Benjamin perguntou com os olhos arregalados pra mim. – Batman?

- Se você quer dizer bem das idéias, ela nunca foi. Não se preocupe. – Resmunguei.

- Você está ocupada, posso falar com você?

- Bom...

- Não está. – A voz veio dos olhinhos puxados de Cherrie por trás da pilha. – Eu me viro com a fúria ruiva.

- Obrigado. – Ben sorriu, enquanto deixava o livro numa estante mais baixa.

- Depressa, antes que ela volte. – Cherrie resmungou.

Bom, adoro Brige e Cherrie. Mas uma coisa eu tenho que admitir, não ficava a sós com Ben desde a nossa ‘reconciliação’. E ficar a sós com ele era bem interessante.

- O que você quer fal... – Comecei quando já estávamos fora da biblioteca, mas os lábios dele nos meus tornou desnecessário qualquer fala.

E enquanto caminhávamos pelos corredores, até de mãos dadas feito dois bobos num comercial do dias dos namorados (não que nós fossemos exatamente namorados, quer dizer, bom, não sei o que quero dizer) tive uma conversa muito importante para mim: nós falávamos só por falar e tudo fluía tão naturalmente. Talvez porque eu fosse antissocial e não tenha tido muitos amigos antes de vir para cá apreciasse essas coisas tão simples. Pra mim é novo.

- Melhor música do mundo? – Arqueei uma sobrancelha.

- Eleanor Rigby. – Ben deu de ombros, sorridente.

- Ual. Um vampiro fã de Beatles? – Eu ri.

- Eles são os melhores. – Ele fez uma careta ofendida.

- Não disse que não foram. E sua cor favorita?

- Não sei, azul.... Você tem uma cor preferida?

- Cinza.

- Cinza? Ninguém gosta de cinza. – Ele riu.

- Eu gosto... Quantos anos você têm?

- Próxima pergunta. – Ele ficou sério.

- Como é a sensação de se transformar em vampiro? – Arrisquei.

- Pensei que tínhamos entrando num acordo sobre isso, Gabriela. – Ele parou me encarando.

- Eu só não consigo parar de pensar nisso. Não sei quase nada sobre você.

- Sabe que sou fã dos Beatles. – Ele riu, mas sem humor. – E que eu gosto de você, não basta?

- Por enquanto. – Sorri.

- Posso tentar compensar você. – Ele deu um sorriso torto antes de me beijar de novo.

Os braços dele logo foram para a minha cintura, e nem sei como, me conduziram até que ele me pressionasse contra a parede. Então os lábios dele contornaram meu queixo, descendo até meu pescoço. Vampiros, pescoço. HáHá, eu até acharia irônico e engraçado, mas estava ocupada achando outra coisa sobre os beijos dele.

- Ben... – Murmurei meio entorpecida. Que foi? Você também ficaria.

- Unhum. – Agora ele “brincava” com o lóbulo da minha orelha. – Isso não é justo sabia.

- O que? - perguntei enquanto ele descia de novo para meu pescoço.

- Você me chamar de Ben, enquanto te chamo de Gabriela.

Ele fez uma pausa, para enfiar a língua na minha boca.

- Gosta de Gabi? – Ele parou me encarando. Eu devo ter feito uma careta, porque ele riu.

- Não tenho culpa se meu nome não é feito para ter apelidos bonitos, brigue com a minha mãe.

- Tudo bem, tenho uma idéia melhor. – Ele voltou para o lóbulo da minha orelha. – Amore mio. – Sussurrou de uma forma tão intensa que eu pude sentir até minhas penas bambas.

De que filme água com açúcar esse cara saiu? Sério. Ele não pode ser real.

- Muito mais agradável que Gabi. – Sorri antes de ele me beijar de novo. Dessa vez um beijo mais demorado, intenso. Tipo fim do filme água com açúcar.

E então ele parou, de repente afastou os lábios dos meus e suas feições ficaram sérias.

- Não pode ser... – Ele resmungou.

- O que foi? - Eu perguntei, mas a resposta logo apareceu.

- Benjamin Bertrand. - Uma voz feminina quase cantarolou o nome, se eu já tinha me sentido enjoada só com a voz quando vi a garota caminhando em nossa direção, vestindo um vestido preto tão justo e um sapato de salto agulha tão alto que já me fez sentir ódio.

Não tinha melhor horário para ela aparecer, sério.

- Lia. – Ben aumentou a distancia entre nós, mas pegou minha mão. – O que você está fazendo aqui?

- Trabalho. – A voz esbanjava sarcasmo. E ótimo. Ben conhecia a tal Lia, a tal Lia com cabelos louros e longos mantidos num corte todo repicado emoldurando um belo rosto em formato de coração, nariz arrebitado e anguloso, olhos ambarinos se destacando na pele perfeita e de bochecha rosadas. Droga, ela era linda. Muito mais bonita do que eu, se quer saber.

- Trabalho? Lourenço mandou Pietro para algum trabalho e você o seguiu?

- Depois de tanto tempo você me recebendo tão bem faz até meu coração bater mais forte, querido. – Lia rolou os olhos. – E o Harry Potter? Quem é? – Ela se virou pra mim.

- Gabriela Alcântara. A namorada. – Tá. Não éramos oficialmente namorados, e provavelmente isso iria dar uma boa discussão depois, mas caramba, ela o chamou de querido. Era isso ou dar um querido no meio do nariz perfeito dela.

- Namorada? – Ela riu. Quase gargalhou na verdade – O que aconteceu com você Benji? Tem lido Crepúsculo?

- Lia. – Outra voz chamou. Uma voz masculina dessa vez. – O que você... Benjamin. – O outro parou. Era um cara bem alto e bonito. Bom ele era lindo na verdade. Mesmo por baixo do terno – É, terno. Com direito a gravata e tudo. – E escondido numa postura rígida e formal dava pra notar os traços de uns músculos bem definidos, e o rosto tinha os mesmos olhos ambarinos de Lia, embora o cabelo fosse de cor bronze combinando com a pele um pouco mais corada também.

Que foi? Benjamin que me perdoe. Não sou cega, o cara é bonito.

- Pietro. – Benjamin não foi tão hostil como quando falou com Lia. Talvez eles tivessem sido amigos há algum tempo... Se bem que Pietro não fazia o tipo amigo. Ele era sério, fechado. Como se fosse seu chefe.

- Lia, precisamos voltar. – Ele se voltou para a garota.

- Estraga prazeres. – Ela resmungou. – Eu vejo você depois Benji. – Ela sorriu. – E acho que você também Harry. – Ela saiu rebolando em cima do salto alto.

Vadia.

- Até mais ver. – Pietro acenou com a cabeça para Benjamin e depois para mim, de um modo cordial e seguiu Lia.

Esperei alguns minutos até que os dois sumissem de vista.

- Quem são eles? – Perguntei a Ben.

- Amélia e Pietro Pellegrini. – Ele suspirou.

- Pellegrini? Você quer dizer, Pellegrini... Os irmãos Pellegrini? Aqueles são Amélia e Pietro Pellegrini, os herdeiros de Lourenço o representante dos vampiros?

- Sim.

Uma coisa importante. Obviamente temos política. Mandantes, reis, presidentes, o nome que você quiser dar, o fato é que eles são importantes. Existe um representante bruxo para cada uma das sete pedras e um representante para cada uma das outras criaturas.

- De onde você os conhece? – Perguntei pasma.

- Não é importante. Faz muito tempo.

- É sim, ela te chamou de querido. – Reclamei.

- Lia não é importante, para nada na verdade. Há anos eu não os via.

- Benjamin, de onde você os conhece? – Repeti.

Ele suspirou de um modo pesado.

- Lia foi a vampira que me transformou.

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