terça-feira, 12 de abril de 2011

Capitulo dezoito: Retorno.

O tempo é algo engraçado.

Verdade, você sempre pensa “Somente semana que vem” “Mês que vem” “Ano que vem”... E quando se da conta, o tempo passou.

Quando me dei conta, estava arrumando as malas para as de férias em julho.

- Vocês vão para Londres um dia me ver, não é? – Brige pediu.

- Brige, são três semanas e não três meses. – Respondi.

- Por isso eu gosto de você, Gabriela, é sempre tão doce. – Ironizou.

- Já disse que vamos, Brige, só mandar uma mensagem. – Sorri.

- E vamos. - Cherrie completou.

- E você vai pra onde? – Perguntei a Cherrie.

- Vou passar a primeira semana com mamãe, papai e Lucy. Depois os três vãos para a Austrália e volto para a escola.

- Austrália? - Perguntei

- Brad, Carmem e Jéssica são australianos, Brad nos convidou para surfar nas férias. Mas eu preferi voltar mais cedo.

- Preferiu voltar mais cedo para se meter nos seus “estudos” – Fiz aspas com os dedos no ar – de mediunidade, não é?

- É. – Respondeu simplesmente.

- Miguel vai voltar mais cedo também? – Brige riu.

- Vai. Mas essa parte é um detalhe particular, portanto ruiva, segure sua língua. – Cherrie respondeu.

- Porque você se preocupa tanto em guardar segredo? – Perguntei.

- Sr e Sra Katashi e principalmente Lucy. – Deu de ombros. – Minha família é meio complicada, vocês não entenderiam.

- Tudo bem, então. – Brige tentou sorrir. – Por Deus, Cherrie, nem se eu fosse um polvo gigante e cor de rosa com vinte tentáculos usaria todas essas roupas. E eu posso ser um.

- Estou acabando já disse. – Cherrie mostrou a língua.

Eu sorri fechando a minha única mala de mão.

Vinte minutos se passaram até que Cherrie fechasse as suas duas enormes malas, e mesmo assim ela e Brige só se despediram quando Lucy apareceu no quarto para chamá-las.

- Você não vem? – Lucy perguntou para mim quando as três estavam saindo do quarto.

- Vou pegar os portais abertos depois do almoço. – Respondi.

- Ah tudo bem, Tchau Gabriela. – Lucy sorriu.

- Não se esqueça que você prometeu me visitar.

- Não vou esquecer Brige. – A porta se fechou lentamente e escondendo todos os sorrisos e acenos de mim.

Fiquei um tempo olhando pro quarto. Sem Cherrie, Brige ou as gêmeas era um pouco estranho. Quero dizer, eu estava estranha. Ia sentir falta das garotas e não sentia falta de outras pessoas que não fosse minha mãe... Ou minha avó.

Como vivi tanto tempo no mundo humano sem ter amigos?

- Amore mio. – Ouvi na porta.

- Ben. – Sorri ao ver que ele trazia mais uma rosa branca na mão.

Nos finais de semana, quando a flor murchava, ele me trazia um novo botão.

- Está pronta? – Peguei a rosa e deixei que ele me envolvesse num abraço.

- Sim.

- ei rabugenta, Você está entrando de férias ou saindo? Anime-se.

-Não me chame de rabugenta. – Brinquei – Só estava pensando.

- Em que?

- Em mim. Em com era antes de vir para cá e em como sou agora.

- Em que conclusão chegou?

- Na verdade nenhuma. – Deixei minha cabeça cair na curva do pescoço de Ben.

- Onde você vai passar suas três semanas livres? – Perguntei.

- Aqui.

- Férias? Na escola? – Pasmei, rodando meu corpo para encará-lo.

- Eu não tenho exatamente outro lugar para ir, ou quem visitar. –Ele deu de ombros brincando com um cacho do meu cabelo.

- E antes de você vir para cá? Onde estava?

- Institut Marie Lefebvre, na frança.

- Então, você se forma em uma academia e vai para outra fazer tudo de novo? Santa Glinda do norte! Pretende se formar em todas as escolas do mundo?

- Sinto-me seguro nas academias, tenho medo de andar por conta própria novamente e fazer coisas de que vou me arrepender.

- Passe as suas férias comigo então. – Pedi.

- Já entramos num acordo sobre isso, não foi? – Ele resmungou contra meus cabelos.

- Tudo bem... Só visitas. – Sorri. – Me acompanha até o portal?

- Claro. – Ele sorriu e pegou minhas duas malas.

Passa mais tempo em casa não foi exatamente o que eu que eu esperava. As breves passagens de fim de semana eram mais divertidas do que passar dias e dias seguidos.

Fiquei feliz por ver minha mãe e poder passar mais tempo com ela, mas ela tinha o emprego no mundo humano, secretario de um dos melhores consultórios de dentistas daqui, então eu ficava sozinha em casa.

E o fato que antes eu interpretava como uma dádiva, agora, me deixava entediada e irritada.

Recebi algumas cartas de Cherrie e Brige, mas nada de animador.

Nada até a segunda semana, ao menos.

- Você disse que ele vem amanhã, não é? -

- Disse mãe. – Sorri, virando meu olhar para minha mãe parada perto da porta.

- Eu convidei um vampiro para o almoço de sábado. Não tire meu direito de estar perturbada. – Mamãe revirou os olhos.

- Ele não vai beber aqui, mãe. Nem comer. Você diz almoço, mas é só uma visita. – Dei de ombros.

- Não, é um almoço. Porque tomei a liberdade de convidar outra pessoa. – Mamãe arqueou as sobrancelhas,

- Quem? – Perguntei.

- Surpresa. – Minha mãe riu e fechou a porta.

Ela nunca vai crescer.

Voltei a ler o livro, mas logo peguei a carta de Ben para reler.

Cartas, é, desde o primeiro dia no instituto elas se tornaram mania.

A letra dele era inclinada e linda, como se dançasse pelo papel branco, respondendo meu convite para uma visita.

“Amore mio, sinto sua falta” Era o que encerrava a carta.

Sorri como boba para o papel.

Acordei ansiosa e curiosa para a surpresa de minha mãe na manhã seguinte, embora só fosse descobrir nossa segunda visita quando ela chegou. E bem... fiquei realmente surpresa.

- Pro-porfessor? – Perguntei perplexa ao atender a porta. – O que você esta fazendo aqui?

- Eu pensei que tivesse sido convidado, oras.

- Ah, desculpe. Minha mãe não me...

- Marek! – Mamãe saiu radiante da cozinha. – É bom ver você.

-Andy! – Ele sorriu passando por mim e esquecendo-se da minha existência.

Tudo bem, então... Vou precisar de um tempo pra me acostumar com isso.

- Ainda é sua favorita? – Marek mostrou o embrulho branco que trazia as mãos para minha mãe.

- Torta de morango. É sim.

Ah, Deus,com certeza muito tempo para em acostumar com isso.

Toc-toc-toc. As batidas na porta aberta foram ritmadas.

Meu coração saltou de alegria, quando eu o vi, inconsciente, joguei meus braços ao seu redor e o abracei.

- Ben!

- Amore mio.

Ele trouxe uma nova rosa branca pra mim e uma amarela para minha mãe, o que serviu para amaciar o coração dela.

Almoçamos, bom, exceto Bem que disse que já havia se alimentado, e Marek nos convenceu a jogar futebol no quintal de casa, e olham foi divertido, eu já estava me sentindo sufocada em sentimentos sem poder gastar as energias de novo.

Foi tudo tão despreocupado, alegre... Como se fossemos pessoas comuns, melhor, como se fossemos uma família comum.

Uma família.

Cherrie ligou no dia seguinte para contar que já estava em seu “trabalho” junto com Miguel, a maior novidade desse e dos dias seguintes. Até Brige que não passava 24 horas sem dar um sinal de vida, parou. O que me preocupou, se quer saber.

E então, como sempre, o tempo passou.

Minha mãe me levou até o portal como no início das aulas, mas dessa vez eu não senti mal em atravessar os portões.

Mas ao encontrar Brige, Cherrie e Miguel sentados no gramado, os bons sentimentos mudaram, para pior.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei, havia algo de pesado no ar.

- Oi Gabs! – Brige sorriu. – Sentiu minha falta?

- Na verdade senti. Porque você sumiu? – Sentei-me no gramado junto a eles.

- Problemas... Com a minha mãe... Ela sofreu um ataque do coração.

- Como? Um infarto? Deus, ela está bem? Você esta bem? Como...

- Tudo bem, tudo bem! Ela já recebeu até alta, dois dias atrás, mas bem, só não foram exatamente as melhores férias da minha vida.

- Eu sinto muito... Você podia ter me dito antes, eu queria ajudar em alguma coisa.

- Exatamente o que eu disse. – Cherrie completou.

- Só não estava num bom momento, lha, está tudo bem agora, não podemos mudar de assunto?

- Que seja. – Murmurei.

- Bom, seu assunto preferido vem vindo ai, Gabriela. – Cherrie sorriu.

- Que ass...

- Olá. – Senti o hálito fresco em meu pescoço.

- Ben! – Sorri sentindo-o me envolver em um abraço.

- Miguel, Benjamin... é, voltem a me consolar antes que eu em sinta um candelabro completo. – Brige riu.

- Bom, quando Lucy chegar eu serei forçado a correr. – Miguel reclamou.

- Hey, sem alfinetadas! Já conversamos sobre isso antes. – Cherrie devolveu o tom.

- Sua irmã é complicada, entendi, não precisa repetir.

- Ótimo.

- O que esta acontecendo lá? – Perguntei observando uma grande movimentação perto as escadas da escola.

- Não sei. Vamos ver? – Brige perguntou, mas já estava de pé antes de ouvir a resposta.

Passo a passo, nos aproximamos da multidão.

- Não da pra ver nada. – Miguel reclamou.

- Mas da para ouvir. – Ben respondeu.

- Ótimo, senhor sentidos aguçados, o que você ouve? – Brige perguntou.

Bem franziu as sobrancelhas.

- A professora Melany Novaes. – ele resmungou.

- A que está sumida desde o começo do ano? O que aconteceu? – Indaguei.

- Ela voltou.

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