segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Capitulo cinco: Meia noite.

Em resumo, foi um dia agradável.

Mas não posso negar que há certo alivio agora que as garotas estão dormindo e eu estou aqui apenas com os ruídos da música de meus fones de ouvido – Essa foi a melhor invenção que um humano poderia ter criado, os fones de ouvido! – afinal, até pouco tempo estávamos eu Cherrie e Brige em uma mesa no jantar movimentado daqui.

Ao menos a lasanha é ótima.

Olhei para a escrivaninha, o abajur iluminava os ponteiros do relógio. Faltavam dez minutos para as onze da noite.

Qual era o toque de recolher mesmo? Onze horas...

Rolei meus olhos para o abajur apagado das outras três camas.

- Cherrie. – Sussurrei sem obter resposta alguma. Quando eu queria que ela falasse, ela não o fazia!

Tecnicamente eu não estava infligindo regra nenhuma. Ainda faltavam dez minutos.

Joguei os pés para o chão frio até encontrar os chinelos. Puxei um elástico da escrivaninha e arrumei meus cachos num rabo de cavalo, depois desliguei o som das guitarras do mp5 e o deixei onde antes estava o elástico, finalmente, peguei meu casaco preferido – um preto com gorro – dei uma ultima olhadela me certificando de que as outras três estavam dormindo.

Caminhei para a porta.

Acho que agora já devem ser onze horas. Mas quem liga?

O corredor continuava iluminado pelas tochas. Não teria de sair as cegas por ai.

O meu plano inicial era encontrar a biblioteca. Mas bem, você se lembra dos quadros não é? Pois então, eles me tiraram do plano.

Os rostos me fitavam quase parecendo vivos, só então me dei conta de que haviam espécies de legendas nas obras.

“Marek Giatti bruxo do diamante, descobridor do feitiço do fogo frio”

“Megan Stuart. Primeira vampira a se declarar publicamente contra o consumo de sangue humano”

“ Dulce Berleg bruxa da Alexandrite, criadora da poção da verdade”

Tantos outros rostos... Fadas, bruxos e outras criaturas.

Fascinante. Decididamente fascinante.

Deixei que minhas pernas me levassem pelos corredores desertos. Parece que os alunos realmente cumprem as regras aqui.

“Selene Brown. Última bruxa da pedra Ametista, morta na guerra dos céus”

A guerra dos céus, a maldita guerra dos céus. Foi onde minha avó morreu, ela se ofereceu para ajudar a formar o exercito que protegeria o diamante. - E Não era qualquer diamante, era ‘o’ diamante. - Longa história e lembranças ruins. Quer um resumo? Poder. Qualquer criatura faz tudo pela sensação de poder, de controle. Tudo se resumia a poder e ganância.

Tudo pode ser descrito como pecado também.

Eu ouvi passos distantes. Ótimo, vou ter de ouvir reclamações no meu segundo dia aqui.

Eu pus minhas pernas para andarem o mais rápido que conseguia.

Não eram exatamente passos, eram mais para galopes. Talvez fosse um aluno ou talvez fosse Aros Dagny, o coordenador centauro.

De qualquer forma eu não queria saber. Mesmo que minha cabeça virada para trás só me mostrasse o corredor igualmente parado e o barulho dos meus passos firmes – quase uma corrida – não me deixava distinguir o quão perto os galopes estavam.

Não que eu fosse parar para descobrir.

Ao menos não era essa minha intenção até sentir em baque frio e familiar contra mim. Contatei que não poderia ser uma parede assim que senti o formato de uma mão tampando a minha boca.

- SHHH. – Ele sibilou – Calma. – Ele sussurrou em meu ouvido. Com uma voz tão bonita que deveria ser crime. Foi impossível reagir enquanto ele pegava meu pulso e me conduzia pelos corredores. Eu não podia negar que sua pele era linda, que seus olhos eram lindos, que sua voz era linda, que Benjamin é lindo. Isso é apenas um fato. Ninguém pode negar ao contrario. Estaria mentindo.

Mas isso não era um elogio. Ele era bonito assim porque é da natureza sanguessuga dele. Mesmo que ele fosse um tipo cheio de moral e metido a civilizado, ainda era um vampiro. Ainda era uma criatura da noite, ainda bebia sangue e ainda era um grosso, perigoso e imprevisível. Era um vampiro e não um herói de uma história romântica.

E isso é abominável.

- Onde você está me levando? – Interrompi o silêncio com o tom menos educado de voz que consegui manter.

- Eu estou salvando a sua pele novata, devia me agradecer! – Ele resmungou me dando uma rápida olhadela por cima do ombro.

Então as mãos que antes seguravam meu pulso de preocuparam em abri uma porta.

- Você quer um convite formal? – Ele arqueou uma sobrancelha para mim me dando passagem pela porta. Passagem para uma escadaria mal iluminada, para o escuro.

- Eu não vou. – Cruzei meus braços mantendo meu tom desagradável.

- Tudo bem, faça o que quiser. Eu só queria te ajudar porque acredite, Abelle de Giry não é tão amigável quanto parece. Eu sei bem disso, estou fugindo dela a um ano!

Reconsiderei um momento me lembrando dos galopes que havia ouvido.

Ops. Não era só uma lembrança, e eles pareciam cada vez mais perto...

Bufei auditivamente e revirei meus olhos ao passar por ele.

Eu não devia fazer isso, eu realmente não devia fazer isso. Ele era um vampiro desconhecido e eu estava o seguindo para onde ele quisesse me levar. Não, definitivamente é uma péssima idéia.

- De nada nervosinha. – Ele resmungou.

- E o seu plano brilhante e ir para onde, Benjamin? – Rodopiei em meus calcanhares encarando seus olhos verdes. Eles pareciam mais claros ainda contra a iluminação precária da escadaria espiral. Olhos que queimavam, iludiam, encantavam e matavam.

- Nós já fomos apresentados? - Ele forçou uma cara de desentendimento - mais para ironia - e eu me dei conta do que havia feito.

Ótimo, eu quase podia sentir minhas bochechas queimando enquanto desviava os olhos.

- Ou talvez minha má fama seja maior do que eu pensava. – Eu senti uma mão fria nos meus ombros. – E sim, eu tenho um plano brilhante.

Ele passou por mim e eu o segui. Sabem o que dizem s humanos, já que está no inferno abrace o demônio. - Apenas força de expressão. Você sabe, todas essas historinhas de vampiro condenados. Cai como uma perfeita metáfora.

- Acho que eu também tenho o direito de saber seu nome. – Sua voz retomou minha atenção.

- Gabriela.- Murmurei.

- Gabriela. – Ele repetiu. – Vem comigo? – Ele estendeu a mão pálida.

Me cérebro me mandou recusar.

Mas eu fiz justamente o contrario.

Sua burra. Isso Gabriela! Talvez só encontre seu corpo dilacerado daqui uma semana. Seria bem feito.

- Algum problema? - Ele perguntou enquanto me guiava escadaria acima.

- Sim. – Tirei minha mão de dele. - Você é um vampiro com quem eu nunca falei na minha vida.

Ele riu. Sim riu!

- Eu não vou morder você... A não ser que você queria muito. – Ele piscou e estendeu a mão de novo.

Eu demorei um pouco para me lembrar do que ia dizer.

A mas dessa vez ele não ia vir com seus olhos pra cima de mim de novo, hora de valorizar sua capacidade intelectual Gabriela!

- Primeiro. Isso foi um clichê arrogante e totalmente sem sentido. Segundo. Você é um vampiro e isso jamais aconteceria. E terceiro. Eu não tenho medo de um metido a sedutor barato e convencido como você.

- Outh. – Ele fez uma careta ofendida.

- Você é tão irritante. – Oh minha querida amargura, que bom que você voltou!

-Desculpe. – Ele arrastou a palavra.

A parte racional zombou de sua tentativa teatral de me comover.

A parte emocional se sentiu culpada.

-Não precisa fazer drama também! – Resmunguei.

Ele deu meio sorriso.

- Eu prometo que não vou te machucar, Gabriela. Quero te mostrar uma coisa. Por favor. – Sua voz retomou o tom de música que tinha naturalmente. Tão irritamente lindo...

Ah droga.

- Ok. – Resmunguei. Mas não dei minha mão a ele.

Ele revirou os olhos.

- Tudo bem.

Começou a subir os degraus, eu o imitei. Cada vez que subíamos ficando mais escuro.

Bruxa + escuro+ degraus = combinação imperfeita.

Tropecei nos meus próprios pés. Que humilhante.

Suas mãos frias vieram em volta da minha cintura e impediram uma queda feia. Reflexo de vampiro.

- Se você cair e começar a sangrar, ai eu admito que as coisas vão ficar complicadas para mim.

Ele tinha mesmo me dito isso? Não podia só mentir e fingir que era o senhor autocontrole?

Suas mãos continuaram gentilmente em minhas costas, me guiando, era quase difícil pensar nelas como mãos de uma criatura de espécie dele. – Mas que outra espécie poderia ser capaz de me guiar no escuro, se não uma criatura da noite?

A escadaria acabou.

E o plano brilhante de Benjamin era uma espécie de sótão. Haviam varias caixas empoeiradas, o que deixava claro que ninguém mexia neles há anos. Cadeiras velhas e livros empilhados. A maioria era didático, mas eu sempre considerei deixar livros abandonados assim um pecado.

Benjamin passou por mim e caminhou até uma espécie da clarabóia de vidro. E a abriu como se não apenas uma porta encostada.

Gesticulou com a cabeça para que eu me aproximasse, para sob a luz da luz crescente – quase cheia – Bem no meio do céu totalmente estrelado.

Que horas seriam? Meia noite talvez?

- Ninguém nunca veio aqui. É meu lugar referido na escola.

Eu não soube se o “ninguém nunca veio aqui” se referia a ninguém nunca veio aqui sem ser convidado, ou se ele nunca trouxera ninguém aqui.

Mas porque diabos a segunda alternativa seria a certa? Ele nem me conhecia...

- Bem útil em noites de insônia, não?

- Bem útil. – Ele sorriu.

Vampiros com insônia. Ri mentalmente disso.

- Só não conte a ninguém, promete que será um segredo? – Ele perguntou colocando a mão em meu ombro.

- Sim... Mas porque você me trouxe aqui?

- Bem... Eu devia deixar isso como um segredo apenas meu. – Ele respondeu pesaroso olhando as estrelas. - E eu sabia seu nome antes de perguntar a você também.

Ele deu meio sorriso e eu não consegui encontrar mais o meu fôlego.

2 comentários:

  1. Hot. ahahahahah
    Claro o garoto diferente que gosta da novata
    Tem isso em tantos livros mas e sempre delicioso ler a diferenca.

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  2. as diferenças são o que vale :) e posso dizer? eu amo o Benjamin -QQQ *--*

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