domingo, 10 de outubro de 2010

Capitulo sete: Guerreiros são guerreiros.

- Espera, você disse isso mesmo? Com todas as letras? “Você devia morrer”? – Cherrie indagou espantada.

- Essas e mais algumas. – Murmurei.

- Qual é o seu problema, Gabriela? – Dessa vez foi sotaque britânico de Brige que eu ouvi.

- Eu só estava com muita raiva tá legal? E no fim das contas foi culpa dele. – Resmunguei enquanto lamentava fortemente ter me levantado da cama cedo. Ora, como se já não bastasse o sono e o cansaço excessivo, Brige havia encontrado o diário que havia ficado bem a mostra em cima da minha cama enquanto eu me mantinha embaixo da água fria do chuveiro. Um erro reparado assim que havíamos saído do quarto. O diário estava por baixo do colchão da minha cama.

E agora, enquanto tomávamos café da manhã na nossa mesa, Cherrie e Brige, unidas pela má fé ma faziam contar a história.

- Claro que a culpa foi dele, assim como a vaca come a grama. Ela é tão insensível assassinando o pobre matinho.

- Você não é engraçada Brige! – Retruquei.

- Não estava tentando ser engraçada. Estou tentando dizer que você é uma idiota me termos educados. – Ela deu de ombros.

- Grandes amigas vocês são. - Tudo bem, eu só conhecia Cherrie a três dias e Brige a dois, mas eu não encontrava melhor palavra para defini-las.

Talvez fosse a falta de experiência na questão amizade...

- Mas você deveria no mínimo pedir desculpas, Gabriela. – Cherrie também não estava do meu lado, é claro.

- Não sei se você percebeu, mas Benjamin Bertrand não está em lugar nenhum desse refeitório. – Bem, sim eu havia percebido a ausência de Benjamin assim que coloquei meus pés no salão. Mas a escola é grande, portando este não era um bom argumento de Brige.

Mas claro que o instituto também era grande o suficiente para Benjamin me evitar, talvez pelo resto do ano.

Estremeci com pensamento.

Tudo bem. Elas estavam certas. Não deveria ter dito aquilo. Mas às vezes eu simplesmente explodo e sai gritando coisas estúpidas e sem sentido. E ele estava lá, dizendo que estava com a minha avó quando ela morreu. Que ela voltou pra salvar um vampiro idiota que não conseguiu fugir sozinho.

Deus, eu não sei nem o que pensar.

E olha que eu sempre julguei essas histórias de confusões sentimentais as mais bregas, e dessa vez eu absolutamente não consigo coordenar meus pensamentos para que eles tivessem algum tipo de coerência. Por um lado eu odiava minha avó por ter voltado e morrido. Por outro eu a admirava como uma grande heroína. Eu odiava Benjamin por ter ficado para trás e me odiava por ferir Benjamin.

Oh céus, e eu ainda tenho duas aulas de línguas humanas agora.

- Definitivamente, eu não suporto a minha turma! – Brige recobrou minha atenção. Juro que não sei qual foi o momento em que ela e Cherrie mudaram de assunto, mas haviam feito. – São todos uns bobocas. – Ela falou como se boboca fosse a maior ofensa do mundo.

Brige era desastrada e não conseguia dominar as suas mutações. O que é muito estranho para um metamorfo. Também era desorganizada, descoordenada e um tanto estranha. E uma das melhores pessoas que eu conheci na vida. Os seus olhos esverdeados eram gentis e o cabelo vermelho vibrante parecia que ressaltava sua personalidade brincalhona. Ela e Cherrie eram bem o tipo de garotas legais e cheia de amigos.

Que diabos elas estavam fazendo andando comigo?

- Ao menos vocês estão juntas na mesma turma bruxa. Sabe quem é da minha turma? Jazz Sommers.

- Pela samba canção azul de Merlin! Coitada de você, Brige!

- Quem é Jazz Sommers?

- Gabriela querida, toda escola tem uma vadia. – Cherrie sorriu.

Os sinos começaram a tocar.

Os dois primeiros tempos seriam de línguas humanas, a única matéria que eu esperava que pudesse tirar aquele assunto da minha mente.

Sou fluente em português, obvio, Inglês e meu espanhol é muito bom também. No mundo humano costumava passar meu tempo estudando línguas, quando se é uma bruxa perdida e sem amigos você acaba tendo muito tempo livre. Eu estava começando Italiano antes de vir para cá.

Brige praguejava baixinho enquanto tinha de se separar de nós para ir para sua aula. Transmutação, eu acho. Pobre Brige.

E para minha infelicidade, a professora Lexi Konisberg dedicou sua aula ao inglês básico. Que garanto que todos lá sabiam falar.

Minha cabeça voltou par aquele assunto.

Ótimo, o lado emocional e sem razão alguma venceu. Vou pedir desculpas a Benjamin.

Ao menos essa será a intenção.

E eu realmente não devia ter saído da cama hoje, droga.

-Gabriela. – Cherrie cutucou minhas costas e eu me dei conta de que a aula havia acabado.

Eu poderia narrar em detalhes tudo o que se aconteceu durante as aulas e o almoço.

Mas só uma informação é importante.

Benjamin não estava nos corredores. Ou no salão de almoço. Ou em lugar algum.

Então ele realmente estava me evitando. Ótimo.

Ou ao menos estava. Até a última aula, preparação corporal. Algo extremamente inútil, criaturas mágicas não saem brigando por ai como nos filmes e eu já havia sofrido demais na educação física da escola humana par agüentar mais quatro anos, no meio de outras espécies de outras turmas, mais velhas ou não.

O lado bom, é que assim que saímos para os gramados, vestindo os uniformes de ginástica, uma rajada de cabelos vermelhos apareceu correndo do nada e pulou em mim e em Cherrie .

- Vocês! Ah Merlin ouviu minhas preces! – Brige exclamou animada.

Outra coisa chamou minha atenção enquanto Brige e Cherrie comemoravam a união nas aulas. Ele estava lá, sozinho perto de uma árvore. Os olhos verdes sustentaram os meus olhos castanhos por um momento e então eles se desviaram.

Mas Benjamin Bertrand estava lá. Benjamin Bertrand está aqui, havia outra coisa a qual dar atenção?

-Ok, crianças. Atenção! – Parecia que o professor discordava de mim.

Havia três professores. Uma mulher, ou melhor, uma fada. Alta, esguia, de cabelos dourados e olhos escarlates. O outro era um vampiro alto, musculoso de cabelos bem penteados caindo até os ombros e olhos castanhos. O terceiro era um bruxo, foi o que havia falado. Era todo sorriso, seus olhos eram claros e felizes e seu rosto de traços angulosos e o cabelo castanho claro era curto. Não devia ser muito jovem, mas se fosse humano seria o tipo de quarentão gostoso

Que foi? Só estou colocando em termos simples...

E o rosto dele não me era estranho...

- Marek, por favor! Não assuste os alunos. – A fada sorriu gentilmente. - Boa noite. – Completou.

Essas eram as duas ultimas aulas. Ou seja, eram sete da noite agora. Na semana seriam quatro, ou seja de novo, eu teria mais duas horas de tortura em uma aula dupla na sexta a tarde.

- Eu sou Lory McKenzie. Professora de preparação corporal junto com Vicente Perôn. – O vampiro acenou com a cabeça.

- Nas semanas inicias, o professor Marek Giatti substituirá a professora Melany Novaes.

- Não chorem! Nós vamos passar muito tempo juntos nas aulas de técnica em duelo. – Marek completou com uma piscadela.

Marek Giatti. Oh, eu havia lido esse nome na noite anterior. Nos quadros dos corredores

Bruxo do diamante. Descobridor do fogo frio.

Mas aquele não era o Marek Giatti do quadro. Devia ser o filho, ou até mesmo o neto.

- Onde está à professora Melany? – Alguém no meio alguma das turmas perguntou.

- Ela está de férias. – Lory, a encantadora fada Lory, deixou um reflexo sombrio passar por seus olhos enquanto respondia.

Cherrie se agitou do meu lado. Eu perguntaria a ela mais tarde.

Por hora, eu já tinha uma preocupação. O professor Marek rodava uma bola na ponta do dedo.

- Que tal começar por algo simples? – Ele sorriu. Tinha um ar mais de adolescente do que de professor. – Futebol.

Futebol. Confesso que fiquei um pouco animada. Qual é, sou brasileira. Adoro futebol! O detalhe é que eu apenas gosto de assistir e torcer. Jogar não é bem meu forte, gritar com a televisão como uma louca é bem mais divertido.

Cada professor saiu com um grupo de alunos, antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, Benjamin havia sumido com o professor Vicente.

Marek materializou a marcação do gramado e os gols.

- Cherrie, você percebeu também? – Perguntei quando nós três estávamos mais isoladas do times que iam se formando.

- A mentira. – Ela deu de ombros compreendendo que eu falava da professora – Eu senti. Foi difícil não sentir. O espírito dela se perturbou quando ouviu a pergunta.

- Mas porque ela mentiria sobre a professora Melany estar de férias? – Brige entrou na conversa.

- Esse é o estranho.

- Hey, garotas. Não quer que comecemos sem vocês, não é? – O professor Marek gritou.

Eu fiquei no gol. Particularmente não fui tão ruim assim. Tomei um gol de um lobisomem idiota. Que resolveu que seria legal se transformar no meio da aula. Eu nunca havia visto um lobisomem se transformando na minha frente antes. E pulou e explodiu numa forma grotesca. Um lobo que ficava em pé sob duas patas grandes e arrastavam um par braços peludos. Eles não tinham rabo e o rosto era um lobo perfeito a não ser pelos dentes, que deviam ser o dobro da quantidade do animal comum.

Quem se preocuparia em pegar uma bola assim? Eu fiquei assustada.

Mas a parte mais vergonhosa foi quando Marek Giatti confirmava os nomes dos alunos antes de irmos para o chuveiro.

- Gabriela Alcântara? - Ele riu. – Sabia que sua careta não me era estranha! Como vai? E a Andy?

- Como? – Indaguei e ele riu.

- Claro que você não se lembra de mim. Da última vez que te vi, você devia ser desde tamanho! – Ele levou a mão até o joelho. – Não que tenha crescido muito. – Ele deu um tapinha na minha cabeça e eu fiquei sem reação por algum minutos.

Eu ouvi a risada abafada de Cherrie e Brige, que graças a Deus, eram as únicas perto o e interessadas o suficiente para ouvir.

- Mas, Gabizinha, finalmente você envelheceu então! Por Merlin, eu devo estar velho mesmo. Ainda ontem eu estava aqui com Andy e Arienne.

- Espera, você está falando sobre...

- De Arienne Alcantara, claro. Grande bruxa. Ela dava aulas aqui quando comecei, é uma pena que não tenhamos convivido muito tempo. – Ele suspirou.

Oh céus, todos aqui estavam decididos a me contar histórias sobre a minha avó.

- Mas e a Andy, como está? – Ele recomeçou a conversa.

- Quem?

- Andy, garota! A sua mãe! – Ele ergueu a sobrancelhas me olhando como se eu fosse idiota.

- Você quis dizer Andrea, não? Ela está muito bem. Obrigada. – Respondi seca.

- Ah, eu não vejo Andy a tanto tempo! – Ele bufou, insistindo no Andy. Isso me enraiveceu a certo ponto. Minha avó costumava chamar minha mãe assim.

- E você é amigo da minha família desde quando? – Carreguei minha voz de armagura.

- Ora, guerreiros são guerreiros Gabriela! – Ele deu uma piscadela sem se abalar com meus esforços para ser mal-educada.

Guerreiros são guerreiros. Repeti mentalmente tentando encontrar o sentido da frase.

Eu só encontrei um, e não quis me abalar novamente. Meu deus, esse lugar estava cheio de sobreviventes! Como se eu já tivesse problemas demais para resolver com um em especial.

Depois de pedidos para mandar lembranças a “Andy” de Marek, que eu descobri ser Marek Giatti Terceiro um tagarela de primeira, fomos para o chuveiro do banheiro principal. Embora eu preferisse ir para o particular do quarto, eu ainda tinha um plano de falar com Benjamin.

Mas eu estava suada e fedendo a grama depois do jogo. Precisava de um banho.

E de uma desculpa para criar coragem também.

Portando demorei um pouco mais que o necessário para me lavar e colocar meus jeans.

Só que eu não podia adiar para sempre. Benjamin podia sumir novamente.

Sai do banheiro.

- Tenho uma boa noticia para você. Seu plano de nos enrolar falhou. – Cherrie riu me esperando na porta ao lado de Brige.

- Benjamin está a um corredor de distancia. E sozinho, perto dos jardins. – Brige sorriu maliciosa.

Eu bufei e revirei os olhos para elas.

- Tudo bem. Eu vou falar com ele. –Ambas me olharam feio. – Vou pedir desculpas ele. Que seja.

Passei por elas, mesmo que cada um dos meus passos pesasse demais para me levar ao fim do corredor, eu continuava seguindo em frente. Nunca fui boa com desculpas. E que diabos eu deveria dizer? “Hey Ben, desculpe por dizer que você é um assassino” ou talvez “ Oi Benjamin, como vai. A propósito. Acho que alguém vai sentir sua falta quando você morrer”

Acho que não seria legal.

O corredor terminou, e havia chegado a enorme varanda dos fundos do instituto.

Agora seria ainda mais difícil de pensar. Ele estava ali. Parado, sentado no pequeno muro admirando a visão que dava para o lado das sereias.

- Benjamin. – Chamei.

7 comentários:

  1. Criatura vc quer fazer com q eu tenha um infarte?vc naum pode fazer uma coisa dessas comigo, parar d postar assim.
    O q ela vai falar?qual vai ser a resposta do Benjamin?
    Ahhh,to muito curiosa.Quero +++++...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Quando tem mais???má é pouco,vc ultrapassa esse conceito.rsrsrs.
    Sua história é muuito legal mesmo.
    Hoje em dia o q mais leio saum romances sobreneturais:vampiros,anjos.E poder le tudo com tudo isso misturado e mais um pouco é muito impolgante mesmo.Parabens pela história

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  4. oown, voc é tão legal iludindo essa pobre criança que vos fala -qq Obg *--*

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  5. hahaha.ta bom essa foi boa.



    obs:desculpa pela melação.é q as vezes sou muito puxa saco.naum liga naum.

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  6. eu adorei sua melação -Q

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